sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Solar Azevedo


Conto 01 – Solar Azevedo.

  Este é mais um dia que começou comum e rotineiro na vida de Jacqueline, a qual passou dos seus 37 anos, sentindo um pouco de saudade de seus tempos de adolescente, quando as coisas eram mais divertidas. Atualmente tudo está monótono, acordar, ir ao trabalho, cuidar dos seus afazeres e de seu filho, seu ex-marido tem sido um problema constante que após algumas decisões judiciais e uma mudança de endereço, está se resolvendo e ela tem recebido a pensão para ajudar com as despesas do filho.
  O Trabalho de Jacqueline como vendedora em uma loja de departamento no centro de sua cidade não paga muito bem e em tempos de crise econômica e baixas vendas as comissões estão cada vez mais difíceis, o gerente está sempre cobrando muito empenho dos funcionários, ela mesma tem dado o melhor, sendo simpática e atenciosa com todos os clientes que entram na loja, sempre com um sorriso no rosto e disposição para qualquer dúvida ou necessidade que o cliente tenha, ela ainda mantém os belos e longos cabelos lisos e de cor amendoada como seus olhos e mesmo estando um pouco acima do peso ela se mantém uma bela mulher, seus traços são bem feitos e delicados de uma mulher madura.
  Jacqueline não tem disposição depois do dia de trabalho para retomar seus estudos na faculdade de arquitetura e mesmo sair com os colegas de trabalho tem sido realmente raro, pois ela é muito rígida consigo mesma e acredita que deve dedicar seu tempo livre a sua família, sendo assim ela mais uma vez está aguardando um ônibus para voltar para casa.
  Após o fechar da loja. A noite já caiu e é uma fria noite de outono, nas ruas do centro o movimento é intenso, porém ela está sozinha e com frio no ponto já tem alguns minutos. Momentos mais tarde um homem magro encapuzado, carregando e observando um smartphone chega a parada, o mesmo carrega um volume grande em um dos bolsos, algo que chama a atenção de Jacqueline, já que o homem tem um pouco de dificuldade para caminhar com o objeto no bolso. Ela se afasta do homem e alguns minutos de silencio e de muita tensão por parte de Jaqueline se passam até que algumas mulheres se aproximam e se juntam no ponto, Jacqueline aproveita para se aproximar delas e conversar sobre amenidades, enquanto isso, o homem continua apenas concentrado no smartphone, apenas desviando a atenção para olhar seus arredores e em direção ao grupo de mulheres em intervalos longos e em um desses momentos seus olhos se encontram com os de Jacqueline, que então percebeu que ele não estava a observar o grupo de mulheres e sim a ela. No momento que os olhares foram trocados ela sentiu um olhar frio e fixado nela o rosto do homem era fino e rígido como se feito de gelo e bastante ameaçador para a percepção dela. Ela desviou o olhar rapidamente e nervosa olhou na direção da esquina onde o ônibus que ela utiliza vem e para seu alívio o mesmo está chegando. Ela tem um breve momento de alívio, quando faz sinal para o motorista, as outras mulheres na parada parecem não esperar o mesmo ônibus dessa forma Jacqueline é a única a se colocar diante da porta de entrada dele. Assim que ela entra e começa a subir as escadas o homem entra na porta e segue seus passos até o cobrador, ela rapidamente usa o passe eletrônico e passa pela roleta, enquanto o homem parece procurar por dinheiro nos bolsos. Jacqueline olha rapidamente ao redor e localiza um assento vago ao lado de um homem idoso, o mesmo esta sentado na janela, deixando o assento ao lado vago, para onde ela se vai e se senta, em seguida o homem termina de acertar o valor com o cobrador e pega um assento vazio que fica do lado oposto do coletivo a alguns assentos atrás da posição de Jacqueline. Ela o observou se sentar e então o mesmo percebeu abrindo um grande e estranho sorriso torcido quase como se não fosse humano e olhando diretamente nos olhos dela, que por sua vez fica tensa e as coisas mais loucas começam a passar por sua cabeça, desde alguém contratado pelo ex-marido para lhe fazer algum mal, ser vitima de assalto, sequestro, roubo ou estupro. Ela pega o telefone e pensa em ligar para a polícia, mas o que poderia dizer para ser atendida e será que ela seria atendida a tempo?
  O tempo parece se arrastar no trânsito da cidade, uma distância que deveria ser percorrida em 30 minutos demora quase duas horas com os engarrafamentos do centro da cidade. O avança e para do coletivo apenas faz com que seja mais tedioso e desconfortável para Jacqueline aguardar a chegada ao ponto de destino. Após duas horas e quinze presa dentro do coletivo finalmente ela alcança o ponto de destino, ela se apressa em direção a saída e o homem se levanta lentamente de seu assento em direção a porta de saída também. Ela desce apressando o passo de forma a se distanciar do homem que se move lentamente. Ela vira na primeira esquina enquanto ele não tinha passado da primeira quadra e logo ela o perdeu de vista e mais algumas quadras de passo apressado e ela avista a sua casa. Uma velha e grande casa que foi comprada por um baixo preço devido à crise de mercado de imóveis, a antiga construção havia sido uma pensão, nos últimos anos e originalmente era conhecida como Solar dos Azevedo, uma antiga família de ricos comerciantes com grande influência na cidade a uns 120 anos atrás, o solar conta com um grande porão com adega, quatro grandes quartos, cinco banheiros, duas cozinhas, três salas de estar, uma sala de jantar, um escritório com biblioteca, uma área de serviços com 02 quartos de serviçais. O solar é grande e difícil de manter com a devida manutenção e como a maior parte do tempo Jacqueline e seu filho estão sozinhos, eles ocupam apenas uma pequena parte da habitação, porém o preço e a localização fizeram a diferença para Jacqueline na hora da compra.
  Jacqueline empurra o grande e pesado portão do jardim de entrada do antigo solar que protesta com um estridente som de metal enferrujado. Ao entrar no jardim o abandono do local fica mais evidente, o jardim está muito descuidado, plantas mortas, ervas daninhas e plantas sem podas se espalham por toda sua extensão. Ao entrar e trancar e portão ela fica aliviada ao observar pelas janelas frontais as luzes internas acesas, sinal que seu filho está aguardando a sua chegada. Ela abre a antiga porta de entrada do solar que também deixa claro o seu protesto com o estridente som de metal enferrujado das dobradiças, ela entra e pode observar seu filho o pequeno Ian de pé próximo a porta, ele tem sete anos, é um menino de saúde frágil, magro e esguio, pequenos olhos castanhos e cabelos da mesma cor, o menino sorrindo vai até a mãe e a abraça, então começam as suas atividades rotineiras, se dirigindo a única cozinha que está sendo utilizada pelos dois, enquanto conversam sobre as atividades do dia e começam a preparar alimentos que serão postos na sala de jantar. Eles assistem um noticiário local e se alimentam. Durante esse tempo no noticiário é emitido um alerta de tempestade com possibilidade de fortes ventos e granizo e alguns minutos após o alerta, o som de trovões e o clarão de relâmpagos podem ser notados fazendo as janelas tremerem e clarões de luz na parte externa das janelas. Jacqueline decide ir verificar se as janelas e portas estão fechadas em todos os cômodos, inclusive aqueles que eles não estão utilizando, embora os mesmos não sejam utilizados e estejam todo o tempo trancados, é possível que uma das janelas abra ou quebre por causa do desgaste natural. Não demora muito para ela verificar os cômodos que estão em utilização e perceber que está tudo bem, ela então passa para a parte não utilizada do solar, a maior parte do solar está com as portas trancadas, os corredores com bastante poeira e insetos, esses setores não tem manutenção ou mesmo reparos, dessa forma as luzes não funcionam corretamente e mesmo para Jacqueline que é a moradora ela não conhece bem seus corredores e salas, ela mesma fica um pouco receosa de circular pelos locais desabitados, mesmo os móveis antigos e utensílios nos locais não foram usados ou verificados por seus atuais habitantes ficando a maior parte deles cobertos por antigos panos brancos cheios de poeira. Com um pouco de dificuldade e lentamente ela avança entre as portas trancadas, salas e corredores, em meio a sua verificação a energia começa a falhar nas poucas lâmpadas que ainda funcionam, as luzes começam e acender e apagar e logo apagam de vez, e é nesse momento que ela percebe que seu celular ficou na cozinha e ela desconhece a maior parte da localização dos móveis e do formato das salas e corredores dessa área do solar, ela fica de certa forma aliviada, Ian certamente vai pegar o celular e usar como lanterna, evitando de ficar no escuro, ele ainda tem bastante medo do escuro, ela por sua vez estava em um corredor, dessa forma pode buscar uma parede lateral para referência e o corredor não tem nada no meio do caminho para tropeçar ou derrubar pelo que ela pode lembrar. Ela leva uma das mãos a parede mais próxima e a outra a frente, evitando objetos, o som da chuva logo é acompanhado pelo barulho do granizo e do vento uivando forte, um flash de relâmpago ilumina brevemente o corredor, ainda que de relance ela pode visualizar uma figura humanoide com um tamanho aproximadamente igual ao seu se movendo do outro lado do corredor de costas a ela, ela sente de repente um frio que sobe pela espinha e fica muito tensa observando a direção que ela estava observando tentando ouvir alguma coisa, porém o som da chuva é muito alto, ela ainda se recusa a acreditar que tenha alguém ali pensando ser alguma espécie de sombra ou ilusão de ótica, ela segue observando aguardando outro relâmpago ou ouvir algo, após uns tensos e longos minutos outro relâmpago espalha luz pelo corredor e dessa vez nada foi visto, dessa forma ela lentamente resolve continuar em frente pois ela já passou da metade do caminho e é mais fácil seguir em frente para voltar a parte utilizada do solar porém ela pondera se deveria continuar em frente ela continua tensa em relação a aquela visão, demora mais um pouco e finalmente ela avança da mesma forma e alguns passos depois ela tem a impressão de ouvir passos a seguindo e depois sente como se uma respiração pesada batesse em sua nuca e pode escutar a mesma em seu ouvido, uma sensação terror a toma e corre novamente por sua espinha. Seu instinto é de correr e gritar, porém ela fica paralisada, não consegue sair ou mesmo gemer é como se tivesse completamente amarrada e amordaçada. Passando alguns segundos ela sente algo a tocar levemente nas costas algo gelado e pegajoso, nesse instante ela consegue sair e corre até a porta mais próxima, e a tranca. Ela pode escutar algo se aproximar da porta ouvindo os mesmos passos de anteriormente e logo sentir uma violenta e pesada batida contra a porta, nesse instante ela se coloca contra a porta tentando conter o que esteja batendo contra a porta, confusa e chorando ela aguenta mais algumas investidas contra a porta, até que após alguns minutos cessam as batidas e somente resta o som da chuva e granizo acompanhada de alguns trovões ao fundo. Jacqueline percebe então que o caminho pelo qual ela veio ficou com as portas destrancadas e o que quer que seja que atacou a porta tem agora o acesso livre a Ian. Jacqueline corajosamente e lentamente destranca a porta e avança rumo ao corredor, nada acontece. A chuva parece mais calma e o granizo cessou, dessa forma apenas o som da chuva segue sobre o telhado, assim como um eventual trovão. Ela se apressa em direção a sala de jantar onde havia deixado Ian, tentado ir o mais rapidamente possível pelos corredores e salas escuros, não demora muito e ela consegue retornar a sala de jantar apesar de ter se ferido em algumas quinas de móveis, a sala está quieta e mesmo com o barulho que ela faz ao entrar não houve qualquer reação, nem mesmo sinal da lanterna de seu celular, ela preocupada chama por Ian e não tem resposta. Logo os chamados se tornam gritos, porém sem nenhuma resposta. Procurando por seu celular ela o encontra no mesmo local onde o deixou. Aciona a lanterna do mesmo e o flash de luz revela algumas marcas de arranhões profundos no antigo piso de madeira de lei e nas paredes são nítidos os rasgões no antigo papel de parede marcando grande extensão do caminho que ela havia tomado anteriormente, alguns objetos derrubados pelo chão e ela começa a ouvir batidas de porta irregulares em direção aos fundos do solar, ela corre em direção a origem do som tropeçando em objetos pelo caminho e com a pouca iluminação fornecida pela lanterna do celular, o fundo do solar tem uma porta velha de madeira bastante desgastada e pesada e essa saída leva ao que foi um pequeno jardim e as ruínas de uma antiga capela construída na época da construção do solar, ao chegar na porta ela a encontra batendo com a força do vento. A pouca iluminação oferecida pela lanterna do celular não é muita efetiva contra a escuridão da noite, porém mesmo receosa do que possa encontrar e o desespero pelo desaparecimento do filho faz ela avançar em direção ao pátio externo, procurando por qualquer vestígio de Ian, essa parte externa do solar tem apenas um pequeno pátio que é suficiente para uma velha arvore de copa baixa e grosso tronco. Próximo aos limites do terreno ficam as ruínas da antiga capela. Jacqueline procura nos dois locais, não encontrando sinal dele ela resolve passar por um dos corredores laterais da casa e avançar em direção ao jardim de entrada, a noite está escura, a chuva continua, mesmo que não esteja forte, ainda é gelada, a lama é pesada no corredor o que atrapalha para caminhar e suja seu calçado, ela começa a tremer levemente devido a queda na temperatura corporal e ao medo se movendo lentamente pelo corredor chega ao jardim de entrada. Ela procura visualizar algum sinal diferente no jardim, porém não consegue visualizar qualquer sinal de Ian, ela vai ao portão e com dificuldade tenta empurrar e abrir o mesmo, porém não tem sucesso, talvez devido a chuva e ao frio ela não consegue reunir forças, ela se desespera mais por não poder sair e pedir ajuda, ela observa seu celular e o mesmo não tem sinal ou quando consegue um pouco ele logo desaparece, ela tenta ligar para alguns números de emergência porém não tem sucesso. Ela se volta a entrada do solar, na pequena varanda de madeira antiga e com a pintura desgastada vai e se abriga da chuva, tentar se aquecer e se acalmar para pensar. Ela observa em direção a casa dos vizinhos porém devido a baixa iluminação fornecida pela lanterna do celular  ela não consegue visualizar nada, porém tem a rápida impressão de alguém observando da janela de uma casa vizinha porém ela logo percebe que não há nada lá. O Sentimento de desespero toma conta dela. Seu batimento cardíaco aumenta, assim como a sensação de frio, suas roupas estão molhadas e coladas em seu corpo.Tomada por seus sentimentos ela começa a chorar, e é interrompida pelo som da porta se abrindo em suas costas, em meio a escuridão e ao protesto estridente das dobradiças ela lança a luz da lanterna de seu celular em direção a porta, onde pode ver o corpo de Ian desacordado, apresentando ferimentos e com as roupas sujas de sangue, ele é carregado por uma figura encapuzada, um homem de de rosto fino e olhar ameaçador, seu corpo está coberto de sangue e ferimentos sérios, ele carrega Ian com dificuldade enquanto em uma das mãos tem um objeto que lembra uma arma, porém é diferente de tudo o que Jacqueline tenha visto anteriormente. Ele cambaleante vai em direção a ela e deposita Ian em seus braços, deixando a porta aberta e somente as escuridão as suas costas. Ela verifica que Ian ainda está respirando apesar dos ferimentos e o segura com todas as forças que ainda lhe restam, o homem então cai de joelhos e dá uma tossida a qual acaba cuspindo bastante sangue. Nesse momento ela reconhece que ele é o mesmo homem que estava no ponto de ônibus. Ele tenta falar alguma coisa, porém está se afogando no próprio sangue. As únicas palavras que Jacqueline consegue entender são culto, maldição, marca, solar e sacrifício. A arma do homem começa a emitir uma pequena e leve luz azul e assim que ele repara rasga a parte superior de suas roupas revelando um corpo coberto de cicatrizes e uma espécie de tatuagem, ela parece ser marcada a fogo, mais uma cicatriz do que uma tatuagem, ele então vai com dificuldade até ela, rasga a parte superior da roupa de Ian e ele apresenta a mesma marca, o esforço o faz tossir mais sangue que caí sobre o peito de Ian, ele então rapidamente rasga parte da roupa de Jacqueline revelando que ela também possui a mesma marca bem acima do coração, como nos outros dois. A arma parece emitir uma leve onda de frio e um som é ouvido da escuridão de dentro da casa ele se coloca rapidamente de pé e se volta contra a escuridão da porta arremessa sua arma em meio a escuridão. Um som inumado de animal ou criatura ferida é ouvido enquanto ele dá as costas a escuridão e arremessa um pequeno objeto no portão e avisa para que ela fuja.
Ela vai com dificuldade até o portão dessa vez ela usa todo seu peso e o de Ian para enfim conseguir abrir o portão, nesse momento ela olha em direção a porte do solar somente a tempo de ver o homem ser puxado para dentro da escuridão e em seguida seus gritos desesperados e agonizantes.
  Jacqueline fecha o portão e com Ian nos seus braços segue pela rua, a escuridão é total, pelo horário e condições de tempo as ruas estão desertas, alguns carros passam ao longe em avenidas que usualmente tem grande tráfego. Ela está suja de sangue e lama, com roupas rasgadas e carregando seu filho coberto de sangue e ferimentos. Em meio a escuridão aos relâmpagos e a chuva ela avança colocando a maior distância possível entre ela e o solar, em desespero as lágrimas correm pelo seu rosto, até que a exaustão a toma e ela tomba de joelhos em frente a uma casa. Ian cai de seus braços cansados na calçada, o menino continua desacordado seu corpo todo ferido com cortes e sangramentos. Jacqueline termina de rasgar a parte superior de sua roupa fazendo tiras da mesma, uma tira ela usa para cobrir os seios, porém deixa parcialmente exposta a marca acima de seu coração e o restante usa para enfaixar alguns dos piores ferimentos de Ian, com dificuldade ela coloca iam contra a cerca da casa enquanto vai em direção a porta. Ela grita por socorro e ajuda enquanto de dentro da casa as únicas respostas são risadas, gritos de escárnio e xingamentos. Ela insiste em mais duas casas vizinhas porém as únicas mudanças foram que a mandaram embora ou enxotaram acusando de marcada ou sacrifício. Ela resolve se abrigar em um pequeno beco nas proximidades, atrás de um antigo restaurante tem uma grande lixeira e um pequeno telhado. Já quase sem forças Jacqueline arrasta Ian até a parte mais seca e limpa sob a proteção do telhado. Ela pega seu smartphone porém o mesmo já se encontra sem bateria não podendo então realizar chamadas de socorro, Ian está muito pálido e seu corpo começa a tremer, Jacqueline por sua vez o abraça com força, talvez por reflexo o pequeno Ian abraça a sua mãe. Algum tempo passa e Jacqueline percebe que cai a temperatura no local e com a iluminação de um raio ele pode ver de relance uma sombra humanoide projetada contra uma parede. Eles não estão sozinhos. A posição que eles se encontram atrás da lixeira os deixa escondidos, porém muito rapidamente o lixeira é arrastada e arremessada para o outro lado do beco, revelando o esconderijo dos dois. Jacqueline mal consegue distinguir um vulto em meio a escuridão. Em meio ao som de um trovão alguns gritos abafados.
  Dois dias depois, o centro da cidade continua agitado. o gerente de uma loja de departamento tenta encontrar uma nova vendedora, enquanto um jovem casal procura imóveis para comprar na região, e ficam entusiasmados com uma oferta de um grande solar por um preço muito atraente. Uma das manchetes do jornal diz que foram identificados corpos de mulher e criança mutilados em um beco da cidade, a notícia descreve o relacionamento abusivo que as vitimas sofriam nas mãos do pai e que o mesmo é o principal suspeito na investigação da polícia local.

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